PAPEL DOS ANTIDEPRESSIVOS NA SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL: UMA REVISÃO
DOI:
https://doi.org/10.36557/pbpc.v3i2.164Palavras-chave:
síndrome do intestino irritável, antidepressivos, tratamento farmacológicoResumo
Introdução: A síndrome do intestino irritável (SII) é uma condição gastrointestinal crônica caracterizada por dor abdominal e alterações nas fezes, afetando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. A SII é associada a uma fisiopatologia complexa, incluindo alterações no microbioma intestinal, hipersensibilidade visceral e desregulação do eixo cérebro-intestino. Embora o tratamento da SII inclua abordagens diversas, os antidepressivos tricíclicos (ATCs) e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) têm sido utilizados para aliviar a dor abdominal e melhorar a qualidade de vida. Objetivo: Revisar o papel dos ATCs e ISRSs no tratamento da SII, destacando seus efeitos sobre a dor abdominal e outros sintomas relacionados. Metodologia: Foi conduzida uma revisão narrativa de literatura através das bases de dados SCIELO, LILACS e PUBMED, com artigos publicados nos últimos cinco anos. A seleção considerou a relevância dos artigos para o uso de antidepressivos na SII, resultando na análise de 18 estudos. Resultados e Discussão: Na SII, os antidepressivos, especialmente ATCs e ISRSs, têm sido utilizados para tratar tanto a dor abdominal quanto os sintomas psicológicos associados. ATCs, como a amitriptilina, são eficazes na redução da dor abdominal e recomendados para a SII com diarreia (SII-D), apesar dos efeitos colaterais, como constipação e boca seca. Os ISRSs são úteis para a SII com constipação e no manejo da ansiedade, apresentando um perfil de efeitos adversos mais tolerável, embora com menor eficácia em comparação com ATCs. Conclusão: Antidepressivos desempenham um papel importante no tratamento da SII. ATCs são eficazes para dor abdominal, mas têm efeitos colaterais significativos. ISRSs são úteis na gestão da ansiedade e dos sintomas gerais com menos efeitos adversos. A escolha do antidepressivo deve ser personalizada, considerando os sintomas predominantes e os perfis de efeitos colaterais para otimizar a qualidade de vida dos pacientes com SII.
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