FRATURA COM GRANDE ABERTURA DO ANEL PÉLVICO SEM INSTABILIDADE HEMODINÂMICA: ESTUDO OBSERVATÓRIO
OBSERVATORY STUDY
DOI:
https://doi.org/10.36557/pbpc.v3i2.250Palavras-chave:
trauma de pelve abertura de anel pélvico; fratura em livro aberto; classificação de Young e BurgessResumo
Fraturas pélvicas, geralmente resultantes de traumas de alta energia como acidentes automobilísticos e quedas, estão associadas a significativa morbimortalidade devido à possibilidade de sangramento retroperitoneal e risco de óbito imediato. Indicadores clínicos de lesão pélvica incluem uretrorragia, dor abdominal, equimose perineal e elevação prostática ao toque retal, enquanto lesões geniturinárias ocorrem em até 15% dos casos, especialmente em fraturas anteriores. A sondagem vesical é contraindicada nesses casos, sendo necessária uma uretro-cistografia retrógrada. A estabilização rápida com fixadores externos, associada aos protocolos de atendimento do ATLS, desempenha um papel fundamental na redução da morbimortalidade. Fraturas pélvicas instáveis demandam intervenções imediatas para evitar complicações fatais. Este estudo analisa um caso de trauma pélvico em um paciente de 47 anos, vítima de colisão entre motocicleta e automóvel. O paciente foi admitido sem perda de consciência, recebendo reposição volêmica e analgesia durante o transporte. Os exames revelaram fraturas bilaterais de punho, fratura pélvica combinada e luxação de joelho. No quinto dia, edema e hematoma em grandes lábios foram observados, sem sangramento. A fratura pélvica apresentou uma abertura de 7,3 cm na sínfise púbica, mas sem instabilidade hemodinâmica, caracterizando uma fratura de alta gravidade, conforme a classificação de Young e Burgess, que considera aberturas superiores a 2,5 cm como indicativas de lesões severas. Apesar disso, o paciente estava clinicamente estável, permitindo uma fixação programada e maior tempo para planejamento cirúrgico. Fraturas pélvicas em traumas de alta energia requerem manejo cuidadoso e precoce, e a aplicação de protocolos como o ATLS favorece um prognóstico mais positivo. A conduta clínica de emergência, especialmente em fraturas complexas, é fundamental, embora os exames de imagem sejam indispensáveis para verificar instabilidade pélvica e classificar as fraturas. O diagnóstico de fraturas pélvicas exige investigação ativa de lesões associadas e controle rigoroso de possíveis hemorragias retroperitoneais.
Referências
ALTON, T. B.; GEE, A. O. Classifications in brief: Young and Burgess classification of pelvic ring injuries. Clinical Orthopaedics and Related Research®, v. 472, p. 2338-2342, 2014. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4079881/. Acesso em: 23 de junho. 2024.
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. ATLS Suporte Avançado de Vida no Trauma®: Manual do curso de alunos. 10. ed. Chicago: American College of Surgeons, 2018. Disponível em: https://saude.ufpr.br/labsim/wp-content/uploads/sites/23/2022/08/ATLS-10th-Edition.pdf. Acesso em: 14 de abril. 2024.
BALOGH, Z.; KING, K. L.; MACKAY, P.; MCDOUGALL, D.; MACKENZIE, S.; EVANS, J. A.; et al. The epidemiology of pelvic ring fractures: a population-based study. Journal of Trauma, v. 63, n. 5, p. 1066-1072, 2007. Disponível em:..https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17993952/. Acesso em: 02 de julho. 2024.
BLACKMORE, C. C.; JURKOVICH, G. J.; LINNAU, K. F.; CUMMINGS, P.; HOFFER, E. K.; RIVARA, F. P. Assessment of volume of hemorrhage and outcome from pelvic fracture. Archives of Surgery, v. 138, n. 5, p. 504-508, 2003; discussão p. 508-509. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12742953/. Acesso em: 09 de agosto. 2024.
CHOWDHURY, S.; ALMUBARAK, S. H.; BINSAAD, K. H.; MITRA, B.; FITZGERALD, M. Vertebral artery injury in major trauma patients in Saudi Arabia: a retrospective cohort study. Scientific Reports, v. 10, n. 1, p. 16199, 2020. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41598-020-73238-2. Acesso em: 17 de junho. 2024.
CHUEIRE, A. G.; CARVALHO FILHO, G.; SANTOS, A. F. D.; POCKEL, K. P. Fraturas do anel pélvico: estudo epidemiológico. Acta Ortopédica Brasileira, São Paulo, v. 12, p. 5-11, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aob/a/Q7F6jyKhxV5H6bKxGvmfTWk/#. Acesso em: 04 de abril. 2024.
CRYER, H. M.; MILLER, F. B.; EVERS, B. M. et al. Pelvic fracture classification: correlation with hemorrhage. Journal of Trauma, v. 28, p. 973-980, 1988. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/3398096/. Acesso em: 06 de agosto. 2024.
CULLINANE, D. C.; SCHILLER, H. J.; ZIELINSKI, M. D.; et al. Eastern association for the surgery of trauma practice management guidelines for hemorrhage in pelvic fracture: update and systematic review. Journal of Trauma, v. 71, n. 6, p. 1850-1868, 2011. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22182895/. Acesso em: 01 de
FIGUEIREDO, B.Q.; BRITO, B.F.; GOMES, S.A.; NAVES, R. P.G. Atendimento ao politraumatizado. Ed. Ampla, 2022. 32p.
GARCIA, J. M.; DOBLARE, M.; SERAL, F. et al. Three-dimensional finite element analysis of several internal and external pelvis fixations. Journal of Biomechanical Engineering, v. 122, p. 516-522, 2000. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11091954/. Acesso em: 05 de junho. 2025.
GÄNSSLEN, A.; GIANNOUDIS, P.; PAPE, H. Hemorrhage in pelvic fracture: who needs angiography? Current Opinion in Critical Care, v. 9, n. 6, p. 515-523, 2003. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12742953/. Acesso em: 25 de agoato. 2024.
GOKCEN, E. C.; BURGESS, A. R.; SIEGEL, J. H.; MASON-GONZALEZ, S.; DISCHINGER, P. C.; HO, S. M. Pelvic fracture mechanism of injury in vehicular trauma patients. Journal of Trauma, v. 36, n. 6, p. 789-795, 1994. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8014999/. Acesso em: 18 de julho. 2024.
HAUSCHILD, O.; STROHM, P. C.; CULEMANN, U.; POHLEMANN, T.; SUEDKAMP, N. P.; KOESTLER, W.; et al. Mortality in patients with pelvic fractures: results from the German pelvic injury register. Journal of Trauma, v. 64, n. 2, p. 449-455, 2008. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18301214/. Acesso em: 08 de maio. 2024.
INABA, K.; SHARKEY, P. W.; STEPHEN, D. J.; REDELMEIER, D. A.; BRENNEMAN, F. D. The increasing incidence of severe pelvic injury in motor vehicle collisions. Injury, v. 35, n. 8, p. 759-765, 2004. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15246798/. Acesso em: 19 de abril. 2024.
LUNSJÖ, K.; TADROS, A.; HAUGGAARD, A.; BLOMGREN, R.; KOPKE, J.; ABU-ZIDAN, F. M. Associated injuries and not fracture instability predict mortality in pelvic fractures: a prospective study of 100 patients. Journal of Trauma, v. 62, n. 3, p. 687-691, 2007. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17414348/. Acesso em: 12 de hunho. 2024.
MAITHEL, S.; GRIGORIAN, A.; KABUTEY, N. K.; et al. Hepatoportal venous trauma: analysis of incidence, morbidity, and mortality. Vascular and Endovascular Surgery, v. 54, n. 1, p. 36-41, 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31570064/. Acesso em: 05 de maio. 2024.
PARREIRA, G. J.; COIMBRA, R.; RASSLAN, S.; OLIVEIRA, A.; FREGONEZE, M.; MERCADANTE, M. The role of associated injuries on outcome of blunt trauma patients sustaining pelvic fractures. Injury, v. 31, n. 9, p. 677-682, 2000. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11084153/. Acesso em: 04 de maio. 2024.
PERRY, K.; MABROUK, A.; CHAUVIN, B. J. Pelvic ring injuries. In: STATPEARLS [Internet]. Treasure Island: StatPearls Publishing, 2022. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK538279/. Acesso em: 03 de junho 2024.
SCHMAL, H.; MARKMILLER, M.; MEHLHORN, A. T.; SÜDKAMP, N. P. Epidemiology and outcome of complex pelvic injury. Acta Orthopaedica Belgica, v. 71, n. 1, p. 41-47, 2005. Disponível em: http://www.actaorthopaedica.be/assets/1117/07-Schmall_et_al.pdf. Acesso em: 27 de julho. 2024.
TÖTTERMAN, A.; MADSEN, J. E.; SKAGA, N. O.; ROISE, O. Extraperitoneal pelvic packing: a salvage procedure to control massive traumatic pelvic hemorrhage. Journal of Trauma, v. 62, n. 4, p. 843-852, 2007. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17426538/. Acesso em: 11 de abril. 2024.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Mariana Moisés Maluf , Fernanda Ferreira Gouveia , Lorena Pedro de Oliveira , Luiz Otávio Souza Amador , Breno Kevin Noronha Oliveira , Kevin Silva Moreira, Ana Carolaine de Souza Lima , Gyanna Karla Bandeira Brandão, Maria Eduarda Machado Diniz Santiago , Julia Almeida Saadi, Ednei Fernando dos Santos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Você tem o direito de:
- Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.
- Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
- O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
- Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado , prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas . Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.