A Razão como Virtude Radical: o Ego como Fundamento da Justiça?
Uma leitura filosófica da ética objetivista de Ayn Rand
DOI:
https://doi.org/10.36557/pbpc.v4i2.363Abstract
Este artigo empreende uma análise filosófica de alta densidade especulativa da ética objetivista de Ayn Rand, interrogando se a razão pode legitimar-se como virtus radicalis e o ego individual como núcleo fundacional da justiça. Mediante uma metodologia hermenêutica orientada por exegese interna e confrontação crítica, com ênfase na obra The Virtue of Selfishness (1964) e na bibliografia académica especializada, delineia-se o quadro conceptual do objetivismo em três eixos fundamentais: α) a razão enquanto faculdade cognitiva normativa; β) o egoísmo racional enquanto princípio ético estruturante; γ) o individualismo enquanto pressuposto necessário da arquitetura social justa.
A análise revela uma tentativa de ancoragem da normatividade na facticidade ontológica do humano – um naturalismo ético que procura legitimar os valores a partir da racionalidade enquanto forma-de-vida. Todavia, identificam-se fraturas conceptuais relevantes, inter alia, a problemática transição do plano ontológico para o deôntico (ex facto ad ius), bem como a insustentabilidade prática de um individualismo absoluto face às exigências de coordenação em sociedades marcadas por interdependência estrutural.
Não obstante tais limites, a ética randiana preserva um contributo distintivo ao (re)colocar a razão no centro da normatividade e ao denunciar a lógica sacrificial do altruísmo como dissolução da dignidade do sujeito. A sua proposta – embora tensionada por ambiguidades internas – persiste como provocação filosófica significativa, suscitando uma (re)configuração dos fundamentos da moral e da justiça em tempos marcados pela erosão da objetividade ética.
Downloads
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 Luís Correia Sá

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Você tem o direito de:
- Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.
- Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
- O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
- Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado , prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas . Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.