OS IMPACTOS DA HIPERTROFIA ADENOIDEANA NA QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO PEDIÁTRICA
DOI:
https://doi.org/10.36557/pbpc.v3i2.246Palavras-chave:
Adenoide, Adenoidectomia, Hipertrofia Adenoideana, Pediatria, RespiraçãoResumo
A adenoide é um tecido linfoide localizado na nasofaringe, atrás do palato mole, que desempenha um papel essencial no sistema imunológico, especialmente durante a infância. Estruturalmente, é uma massa de tecido semelhante a um nódulo que ajuda a proteger as vias aéreas superiores contra patógenos. Fisiologicamente, a adenoide contribui para a defesa imunológica, capturando e neutralizando microorganismos que entram pelas vias respiratórias. No entanto, a hipertrofia adenoideana, que ocorre quando a adenoide se torna excessivamente aumentada, pode levar a obstruções nas vias aéreas, resultando em dificuldades respiratórias, apneia do sono e outras complicações. Diante disso, tendo em vista a recorrência dessa condição clínica, bem como a evolução do quadro, predispondo às infecções de repetição, justifica-se o presente estudo, que objetiva avaliar os impactos da hipertrofia adenoideana na qualidade de vida da população pediátrica. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica utilizando artigos originais e de revisão, publicados nos últimos 16 anos, em inglês e português, nas principais bases de referência de dados, como SciELO e PubMed, a fim de garantir confiabilidade às informações apresentadas. Percebeu-se, com o estudo, que a hipertrofia adenoideana é uma condição capaz de acometer até 50% da população pediátrica em faixa etária de maior prevalência (2 a 8 anos). Além disso, seu diagnóstico envolve uma análise clínica detalhada, com história pregressa sugestiva e exames auxiliares, como a radiografia cefalométrica e nasofibroscopia. Quando diagnosticada precocemente e em graus leves, essa condição pode ser reparada com o uso de medicações corticosteróides nasais, anti-histamínicos e descongestionantes, que minimizam os sintomas obstrutivos e diminuem a reação alérgica. Por sua vez, quando em graus mais elevados, pode ser necessária a intervenção cirúrgica, por meio de adenoidectomia, que, embora apresente caráter invasivo, possui excelentes resultados clínicos. No entanto, a longo prazo, a hipertrofia adenoideana pode gerar consequências deteriorantes à qualidade de vida da população pediátrica, aumentando a ocorrência de infecções de repetição, como rinossinusites e otites médias, além de levar à apneia obstrutiva do sono por dificuldade respiratória. Além disso, os transtornos do sono geram constante hiperatividade, irritabilidade e dificuldade de concentração, comprometendo o desenvolvimento físico, motor e intelectual da criança. Assim, o diagnóstico precoce tem se mostrado fundamental para um reestabelecimento clínico apropriado, evitando as complicações relacionadas à hipertrofia adenoideana, permitindo uma remissão do quadro e, principalmente, garantindo qualidade de vida à população pediátrica.
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